Deixa que o tempo te cerque
onde a curva da estrada te levou
imita a folha que rodopia
e sem asas se lança em voo
Deixa que o tempo para além do tempo
em ânsias te sobrevoe
mesmo que a tua ilha
ou até a tua sombra se despovoe
serás sempre o ventre de ti mesmo
o vulcão que rompe os seios
o céu que te sobrou e se recolhe ameno
na chuva melódica do teu ser
Deixa que uma nova luz acenda o estio
mas não grites como os bichos rasteiros
no tempo que marca os ciclos e os cios
Deixa que a incerta luz se insinue
na escuridão do tempo que já foi
e verás que o sangue te reflui
no tempo azul da existência
pois como é por demais sabido
um grito teu não fará diferença
Eu?
Dispo-me do tempo
e ganho a imaerialidade do Amor.
Só assim os corvos do teu olhar
me evitarão no seu rastilho de dor...
Autor: aFeiticeira
Muitas portas por abrir...